PAPER – Como entender a aceitação ou não de um indivíduo num grupo através de técnica sociometria

Sumario

O objetivo desse trabalho foi o de mostrar, através da técnica sociométrica a rejeição completa, que sofreu uma pessoa no sistema formal de trabalho bem como, mostrou a aceitação incondicional dessa mesma pessoa no grupo informal

O trabalho teve uma novidade não esperada.

Usou-se um estudo de caso.

Palavras chave: Grupo; técnica sociomátrica

Introdução

O homem vive em grupo, por uma questão sobrenatural de sobrevivência. Ele tem necessidades e desejos e por isso, se reúne em grupo, tanto no trabalho como em família como em grupo de amigos.

A permanência do homem no grupo depende exclusivamente de que seus anseios e necessidades venham harmonizar-se com os anseios e necessidades de outros componentes do grupo, e isso é fundamental.

Num grupo de trabalho, onde as forças do integrante, tanto intelectual bem como física devem ser fragmentadas e distribuídas entre todos os componentes, de certa forma que na conjunção de cada parcela dividida represente o todo do grupo.

Este trabalho terá a finalidade de mostrar, num grupo de trabalho o comportamento de aceitação ou rejeição entre os integrantes. Será usado a técnica sociométrica.

Essa técnica, segundo Bastin a página 15 de seu livro As Técnicas Sociométricas escreve “É ao Dr. Moreno que se deve o aperfeiçoamento duma técnica que, pela simplicidade, é talvez como “o ovo de Colombo”. Consiste em pedir, a todos os membros dum grupo, que designem, entre os companheiros, aqueles com quem desejariam encontrar-se numa atividade bem determinada. Pode-se pedir-lhe igualmente que designem aqueles com quem preferiam não se encontrar.”

Neste trabalho não se tem a pretensão da abrangência do assunto e sim prender-se em mostrar um trabalho sociométrico num grupo de 40 operários numa tarefa divididos em 5 grupos de 8 componentes cada grupo. Cada grupo foi denominado por um número de 1 a 5.

Mostrará a aceitação unanime em um dado momento de um integrante, aqui chamado boneco X até a sua rejeição geral pelo grupo.

Desenvolvimento

Segundo G.M.BEAL et tal, no seu livro Liderança, a pág. 277 “A sociometria é usada como um meio para determinar o grau de aceitação dos indivíduos pelo grupo, das relações existentes entre eles, dos padrões de aceitação e do conhecimento da estrutura do grupo”. Continua ele afirmando que é muito útil para os grupos permanentes em que os membros se conhecem.

Dessa forma, podem ocorrer variações entre a competição, a colaboração e até mesmo uma relação mista, chamada de coopetição, no qual indivíduos que geralmente competem entre si buscam colaboração uns com os outros a fim de atingir algum objetivo em comum (OLIVEIRA; LOPES, 2014). A coopetição dessa forma colabora com as organizações de forma a lidar eficientemente com a competição e a colaboração entre competidores (BENGTSSON; KOCK, 2000) que apresentam semelhantes características, visão e objetivos na organização. Segundo Grinberg apud Rodrigues (1981) um grupo pode ser definido como um conjunto de indivíduos que em determinado momento constituem uma interação precisa e sistemática. Ou seja, os indivíduos se conhecem e se identificam, podendo assim, compartilhar seus valores e suas crenças, gerando assim, uma sinergia entre os membros. Para Fleury et. al. (2002) o conceito de grupo está contido em equipe, que por sua vez está contido em time. Para os autores, um grupo se constitui em um conjunto de pessoas que compartilham valores, crenças, visões semelhantes de mundo, sendo de natureza essencialmente relacional, de interação e alianças afetivas, que dão unidade ao conjunto de pessoas.

Uma vez intendido a importância do grupo e como ele se comporta, foi então operacionado o estudo sociométrico do grupo de 40 trabalhadores.
A Empresa estudada tem um produto em processo continuo. São 5 os processos para finalizar a produção, chamados de processos A, B, C, D e E. Em cada processo foram alocados 8 colaboradores. Cada processo depende do anterior em quantidade e tempo para continuar. Se por exemplo A atrasar terá consequência aos seguintes.

Organização dos Grupos

Para que fosse diminuído ao máximo a tendência de atritos entre os componentes do grupo foi feito a trabalho sociométrico como segue
Para organizar os grupos os trabalhadores serão chamados de bonecos e numerados de 1 a 40.

Um papel em branco com as perguntas “COM QUEM VOCÊ GOSTARIA DE TRABALHAR” e ‘COM QUEM VOCÊ NÃO GOSTARIA DE TRABALHAR”, com o número de cada boneco de forma indelével no lado esquerdo ao pé da página.

Foi chamado, individualmente cada um para dar a folha, explicar, pedindo para responder as perguntas, deixando claro que não seriam identificados. Ao responder a folha seria colocada na caixa de recepção.

Feita a apurado das intenções, curiosamente apareceu que todos os 39 bonecos gostariam de trabalhar com o boneco 33, agora chamado de boneco X.
A maioria absoluta, na questão COM QUEM NÃO GOSTARIA DE TRABALHAR apresentou não ter rejeição por ninguém.

Como não houve rejeição os grupos foram instituídos da seguinte maneira

GRUPO 1
Bonecos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e o boneco 33
GRUPO 2
Bonecos 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15
GRUPO 3
Bonecos 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23
GRUPO 4
Bonecos 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30 e 31
GRUPO 5
Bonecos 32, 34, 35, 36, 37, 38, 39 e 40

Resultado Inicial

Após dois meses de experiência, o único grupo que apresentava problema foi o grupo 1. Foi realizada nova experiência, no terceiro mês aplicando-se o mesmo questionário aos quarenta bonecos.

O resultado foi o seguinte:

Os bonecos de 1 a 7 rejeitaram o boneco 33 o restante dos bonecos tiveram o mesmo comportamento nas respostas do primeiro questionário.

Foi colocado o boneco 33 no grupo 2 e o boneco 8 trazido para o grupo 1

Passados 2 meses o mesmo problema apresentado no grupo um se instalou no grupo 2. Nova seção de pergunta e então o resultado foi o seguinte:
Os bonecos de um a 15 rejeitaram o boneco 33

Isso aconteceu, nos questionários seguintes até o grupo 5

O que foi constatado nesse trabalho. O boneco 33 era um cara bonachão, boa conversa, boas piadas mas que na hora do trabalho não se dava o direito de trocar as piadas e causos pela ajuda ao grupo, e isso fazia o grupo ter que trabalhar mais e consequentemente no atraso e problema para o processo seguinte.

Embora (MORENO J. L.) em seu livro Psicoterapia de Grupo, pág. 54 afirme “que os isolados sociométricos (isto é, indivíduos que são isolados ou ignorados em um sociograma) e os indivíduos pouco considerados tendem a permanecer isolados e pouco considerados também na organização social formal, e isso tanto mais quanto maior for o número de contatos sócias” isto não se aplicou no caso do boneco 33, pois continuava bem aceito nas conversas de intervalos de almoço e nos bares onde era completamente assediado. Rejeitado no grupo formal e completamente aceito no grupo informal.

Conclusão

Esse trabalho conforme já foi dito, não teve a pretensão de ser unanimidade, pois abordou apenas um estudo de caso envolvendo uma pessoa que foi rejeitada como parceira de trabalho mas que era aceita indistintamente nos grupos informais.

A técnica sociométrica, como sugestão pode ser aplicada, por exemplo para se ter a noção se uma mulher, num determinado grupo sofre discriminação ou não.

Este trabalho poderá contribuir e motivar outros trabalhos

Bibliografia

BASTIN, Georges. As técnicas Sociométricas. Editora Morais, Lisboa Editora, 1966.
WEIL. Pierre, et tal. Dinâmica de Grupo e Desenvolvimento em Relações Humanas. Editora Itatiaia Ltda. Belo Horizonte. 1967.
BEAL, G. M.; BOHLEN, J. M.; RAUDABAUGH, J. N. Liderança e Dinâmica de Grupo. LIVRARIAS Editoras Reunidas. Rio de Janeiro 1963
MORENO, J. L. Psicoteraapia de Grupo e Psicodrama. Editora Mestre Jou. Sã Paulo 1974